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Saiba como as mulheres conseguiam sua alforria com o acarajé

Saiba como as mulheres conseguiam sua alforria com o acarajé

oto: Divulgação/Lia de Paula/MinC

Por Fabiana Lima

Publicado em 24/10/2023 às 17:14

só mulheres que pertenciam ao terreiro podiam vender

O famoso acarajé, vendido pelas baiana nas ruas de Salvador, foi um alimento que conferiu liberdade a muitos negros escreavizados. As mulheres chamadas “escrava de ganho”, eram obrigada a exercer alguma função que trouxesse dinheiro para seus donos, por exemplo o acarajé, elas ficavam com uma pequena parte, a outra, era usada para comprar sua alforria, assim como a de outros escravizados.

A iguaria é uma comida de santo, ou seja usada em oferenda em rituais de candomblé, por isso, só mulheres que pertenciam ao terreiro podiam vender. Passados tempos, com o empecilho de se estruturarem financeiramente, continuaram a comercializar. Hoje, considerado um patrimônio cultural, o alimento sustenta muitas famílias baianas. Que, segundo Rita Ventura, da Associação Nacional das Baianas de Acarajé, em entrevista ao Brasil de Fato, existem mais de 3.500 “baianas do acarajé”, em Salvador.

Tradição quem vem de longe

Segundo o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), o acarajé veio do continente africano, Golfo do Benin, chegando ao Brasil no período escravocrata. De língua iorubá, compostas por duas palavras: akará, que significa bola de fogo e “jé”, que significa comer ou ingerir, juntas têm o sentido de bola de fogo. Ainda, consta que o alimento era usado para fortalecer idoso e crianças que estavam enfermas.

O bolinho feito essencialmente com massa de feijão-fradinho, cebola, frito no dendê, no Benin é conhecido como akará, no Brasil leva o nome de acarajé, porém, há diferenças quanto aos acompanhamentos que só tem aqui.

Com tantas histórias por trás, não à toa o símbolo de liberdade que virou tradição ganhou uma data especial no calendário. Dia 25 de novembro é comemorado o Dia Nacional das Baianas de Acarajé.