Nesta segunda-feira (10) completa 100 dias do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente e o Sou + Favela faz um levantamento das promessas e das ações do governo

Durante o período que antecedeu as eleições de 2022, o Instituto Favela Diz fez um estudo de intenção de votos com os moradores das maiores favelas do Brasil. Foram duas mil pessoas entrevistadas das comunidades brasileiras, acima de 16 anos, com a aplicação de um questionário via telefone.

Segundo resultados da pesquisa, no período entre julho e agosto de 2022, 39,35% dos entrevistados votariam em Lula (PT) e 29,05% tinham intenção de voto em Jair Bolsonaro (PL). Já as que afirmaram “não saber” em quem iria votar, foram 24,05% dos entrevistados.

A pesquisa também aponta que entre os moradores das comunidades, 15,06% afirmaram que poderiam mudar de voto. Já 71,95% estavam totalmente decididos em quem votar.

O Instituto também disponibilizou outros cenários de segundo turno, para avaliar a intenção de voto com os mais diversos candidatos concorrentes.

Já nesta segunda-feira (10), o terceiro governo de Lula completa 100 dias. Como a pesquisa de intenção de voto feita pelo Instituto Favela Diz aponta que boa parte das periferias tinham intenção de voto no candidato do PT, iremos analisar o que já foi ou deve ser feito, comparando as promessas de campanha para com a atual realidade.

Promessas versus Ações

Boa parte das promessas feitas na época de campanha do candidato do PT foram dedicadas às classes mais pobres e necessitadas do Brasil. O fator de dedicar ações de governo às periferias e comunidades brasileiras ajudou a colocar Lula com vantagem na pesquisa acima.

No entanto, dado o aumento da fome e da pobreza durante o governo anterior, seja pela pandemia ou pela falta de políticas sociais dedicadas a essas classes, é um outro fator importante para o maior número de intenções de voto serem no petista.

Partindo desse princípio de reciprocidade entre candidato e votantes, colocamos em contraste algumas das promessas feitas no plano de governo e em cartas de intenção do atual presidente nesses primeiros 100 dias e analisamos o que foi feito até agora.

O início de tudo

Devemos considerar que o início do seu terceiro mandato foi de vera conturbado. Marcado principalmente por episódios de aversões políticas, ataques golpistas, vandalismo nas sedes dos três poderes, crise yanomami e falas polêmicas. Dessa maneira, apenas depois de uma situação minimamente “normalizada”, que a agenda de promessas passou a avançar.

Entre um toma lá dá cá e outro com o Banco Central e as alfinetadas públicas sobre as taxas de juros, os primeiros 100 dias podem ser resumidos nas tendências já ditadas pelo próprio presidente: uma nova posição política internacional do Brasil e uma intensa agenda de viagens oficiais para estabelecer relacionamentos entre nações. Mas também, continua na corda bamba quando se trata de economia e mercado.

No entanto, e as periferias, favelas e comunidades brasileiras? O principal eleitorado de Luiz Inácio Lula da Silva, como estão os planos e ações para essa população?

Das promessas cumpridas

Entre as promessas que englobam as categorias selecionadas temos: Economia e Emprego; Política e Corrupção; Educação; Saúde; Segurança; Política Externa; Meio Ambiente; Programas Sociais e Direitos Humanos.

Entre os compromissos administrativos, houve a recriação dos ministérios da Previdência Social, da Cultura, da Pesca e dos Povos Indígenas.

Já das promessas na área social, uma das áreas principais da campanha de Lula, a volta do benefício social do Bolsa Família no valor de R$ 600 + R$ 150 por filho, foi cumprida, como havia prometido.

Já acerca das questões raciais, o presidente juntamente com Anielle Franco, assinaram um decreto de ampliação do percentual (30%) de pessoas negras em cargos do poder público.

Na área da educação, o petista havia prometido aumentar a verba da merenda escolar, o que de fato aconteceu por meio do reajuste dos valores (de 28% a 38%) do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que começou a ser distribuído em março.

Na área da saúde, um dos destaques é o retorno do programa Mais Médicos, relançado em 20 de março, com o foco em médicos brasileiros dessa vez. O programa pretende preencher vagas em municípios vulneráveis.

Na segurança, foi sancionada uma lei onde as delegacias da mulher ficam 24 horas abertas.

Das promessas não cumpridas

De fato, Lula e sua comissão tiveram promessas ambiciosas durante as eleições de 2022. Algumas das suas promessas não cumpridas ou em suspenso são:

Programa Sociais e Direitos Humanos

– Reconstruir programa de cisternas e Luz para Todos
– Tirar o Brasil do mapa da fome
– Políticas para garantir direitos à população LGBTQIA+, como saúde integral, inclusão e permanência na educação e no mercado de trabalho
– Proteção dos direitos e dos territórios dos povos indígenas, quilombolas e populações tradicionais
– Recuperar e fortalecer a Funai
– Amplo conjunto de políticas públicas de promoção da igualdade racial e de combate ao racismo estrutural (cumprido em partes)
– Assegurar às pessoas com deficiência e suas famílias acesso à saúde, educação, cultura, esporte, e inserção no mundo do trabalho; e convocar conferências para debater políticas públicas voltadas às pessoas com deficiência

Economia

– Reajuste do salário mínimo acima da inflação
– Isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5.000
– Nova legislação trabalhista
– Modernizar e ampliar infraestrutura de logística de transporte, social e urbana, com “vigoroso programa de investimentos públicos”

Política e Corrupção

– Divulgar informações que governo de Jair Bolsonaro colocou sob sigilo de 100 anos
– Resgatar a transparência e garantir o cumprimento da Lei de Acesso à Informação
– Não tentar reeleição em 2026

Educação

– Expandir ensino técnico profissionalizante
– Implantar programa de recuperação educacional para alunos com déficit de aprendizagem devido à pandemia

Saúde

– Mutirão no SUS em todo o país para zerar as filas de consultas, exames e cirurgias acumulados por não terem sido realizados na pandemia
– Investir no atendimento integral à Saúde da Mulher

Segurança

– Nova política de drogas, focada na redução de riscos, prevenção, tratamento e assistência ao usuário
– Política coordenada para redução de homicídios, com investimento, tecnologia e enfrentamento do crime organizado e das milícias

Política Externa

– Recuperar política externa “ativa e altiva”, que coloca o Brasil “na condição de protagonista global”
– Ampliar participação do Brasil nos assentos de organismos multilaterais (cumprida em partes)

Meio Ambiente

– Combater crime ambiental promovido por milícias, grileiros e madeireiros (cumprida em partes)
– Promover desmatamento líquido zero, com recomposição de áreas degradadas e reflorestamento