Ingressos caros elitizam o futebol e afasta o torcedor das camadas mais populares

Os ingressos numa partida entre Flamengo e São Paulo, na Copa do Brasil, em sua última edição chegou a custar entre R$ 400 a R$ 4.500, indicando uma supervalorização na entrada no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, o esporte mais popular do país.

O futebol é culturalmente a paixão do brasileiro, em torno dele muita coisa acontece antes de uma partida. Torcedores se preparam em dias de jogos, confraternizam entre amigos, sofrem de ansiedade com o placar e ficam à espera do gol da virada para celebrar a vitória. Ingressos caros acabam afastando o torcedor das camadas mais populares, que vibram em poder assistir um jogo de perto.

Para estudiosos, os preços estão se elitizando cada vez mais. Para Irlan Simões, pesquisador do Laboratório de Estudos em Mídias e Esporte da UERJ), em entrevista para a Agência Brasil, houve uma mudança considerável de quem é o torcedor.

“Não tivemos exatamente um esvaziamento dos estádios, mas talvez uma substituição do público. Penso que pela sensação de higienização que as novas políticas de precificação provocavam. Mas, de certa forma, dez anos após a inauguração das arenas, parece que se reconheceu o fracasso do projeto inicial. É preciso ter [espaços] populares dentro do estádio. De outra forma ele fica vazio”.

Simões reforça que a alteração dos preços também está ligada à reforma dos estádios, que são modernizados, por exemplo, em Copa do Mundo. Além disso, ele aponta a mudança de comportamento, uma ruptura na tradição do povo.