Moda na favela, cultural na favela, 1 da Sul fomenta ações culturais dentro do Capão Redondo

No último fim de semana, a Loja 1 da Sul (uma loja que tem como ideia ser uma marca voltada para a periferia, sendo desenvolvida por talentos urbanos, criando assim uma identidade autêntica com essas partes da cidade) realizou uma exposição de arte.

Davi, representante da marca, afirmou que realizar esse tipo de evento dentro de uma comunidade como o Capão Redondo é muito importante. “O que é divulgado na mídia são notícias de violência, pobreza, falta de infraestrutura. Mas nossa comunidade é mais do que isso, é muita cultura, muitas pessoas talentosas. Queremos divulgar cada vez mais esse tipo de trabalho, estamos indo contra o sistema”.

As obras expostas no último fim de semana foram feitas pelas artistas Amanda Monte e Jeniffer Estevam, que se reuniram e escolheram como uma espécie de tema “A vida, sobre diferentes recortes”.

“As minhas obras representam as coisas que vivi como uma mulher que cresceu na periferia. Logo, por meio das minhas obras, faço denúncias sobre a desigualdade que atinge a comunidade, além da repressão policial que acontece aqui dentro, é algo muito real”, desabafou Amanda.

A artista enfatizou que ela não é a única artista da comunidade que produz arte, contudo, a falta de espaços para exposição e a falta de incentivo a cultura para as pessoas da periferia, dificulta essa comunicação entre artista e público, entre favela e arte.

A exposição também contou com um show de fotografias, Jeniffer Estevam, artista multimídia que atualmente trabalha em um emprego fixo, encontra nas fotos na arte sua verdadeira paixão. “Nunca tinha exposto minhas fotos, confesso que é algo que tenho um pouco de dificuldade com isso. Mas enxerguei uma grande oportunidade quando recebi o convite da Amanda e me joguei nesse projeto”.

Jeniffer afirma que está na fase de se reconhecer como artista, e que esse projeto foi um carro chefe para esse movimento. “Minha família esteve na exposição, pessoas da comunidade estavam se identificando com minha arte, foi um momento muito especial para mim, pois minha família veio falar comigo sobre arte, algo que nunca tinha acontecido ”, conta emocionada.

A loja da 1 da Sul pretende expandir o projeto cultural no Capão Redondo, os representantes da marca acreditam que podem usar o espaço de fala conquistado durante esses 25 anos de história.