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Crianças e adolescentes pretos têm duas vezes mais chances de receber uma abordagem policial

Crianças e adolescentes pretos têm duas vezes mais chances de receber uma abordagem policial

Marcelo Camargo/ Agência Camargo

Por Gustavo Souza

Publicado em 18/07/2023 às 09:58

Pesquisa do Núcleo de Estudos da Violência (Nev), da USP, considerou 2016 a 2019 e pessoas a partir dos 11 anos

O Núcleo de Estudos da Violência da USP mostrou que crianças e adolescentes pretos de 11 a 14 anos têm duas vezes mais chances de serem abordados pela polícia na cidade de São Paulo. Os dados são levados em conta quando se compara com pessoas brancas da mesma faixa etária de idade.

O estudo foi feito entre os anos de 2016 a 2019, com 800 crianças e adolescentes, de 120 escolas públicas e privadas da capital paulista. Todas as crianças responderam 30 questões por ano sobre o assunto. Todas as crianças selecionadas para o estudo tinham 11 anos na época e nasceram em 2005.

Segundo os dados da pesquisa, 21,51% das crianças e adolescentes que se declaram pretos foram revistadas durante o primeiro ano da pesquisa. Na época, os entrevistados tinham apenas 11 anos de idade. Além disso, 8,33% das crianças que se declararam brancas foram paradas pela polícia. Já o número de autodeclarados pardos chega a 9,74%.

Os dados dos demais anos do estudo não se alteram muito, mantendo o padrão dos pretos sendo mais parados pela polícia, enquanto os brancos são os que menos sofrem com as abordagens.

“A gente sabe que a polícia tem abordagens diferentes a depender de questões como raça e cor, e isso é entrecruzado com a condição socioeconômica. É um estranhamento da nossa parte saber que a polícia chegaria a parar na rua uma criança de 10 a 11 anos”, afirma Renan Theodoro, um dos organizadores do relatório, sociólogo e pesquisador da USP.